Roubada - Lesley Pearse

"E se seu caminho fosse apagado?E se tirassem de você a pessoa que mais ama?E se suas lembranças fossem roubadas?"


Era uma bela manhã de maio e David Mitchell corria pela orla da praia com o cachorrinho do vizinho, quando o Totó começou a latir para algo que ainda estava meio encoberto pela água. Ao se aproximar, David percebeu, para seu horror, que era um mulher. Ela era jovem ainda, pouco mais de 20 anos, e parecia ser muito bonita, apesar da situação em que se encontrava. Ela estava desacordada, trajava um vestido antiquado, seu cabelo loiro tinha sido cortado de forma descuidada e brutal, e havia sinais de violência em seu corpo, principalmente nos punhos e tornozelos, como se ela tivesse sido amarrada.

Contrariando todas as expectativas, ela ainda está viva, mas não se lembra de nada do que aconteceu e nem de quem seja. Sua foto é publicada em um jornal e ela é reconhecida por dois amigos, Dale e Scott, que trabalharam com ela em um cruzeiro pela América do Sul. A jovem é Lotte Wainwright, era cabeleireira, e durante o ano que passou no navio, desenvolveu uma grande amizade com Dale, com quem dividia a cabine. Porém, terminada a viagem, Lotte não fez mais contato com os amigos e eles pesavam que ela tinha seguido seu caminho e se esquecido deles.
"É uma garota bela, gentil e esforçada. É uma estrela, e isso se deve a seus próprios esforços... Tinha pensamentos profundos, era uma excelente ouvinte, e conseguia compreender as fragilidades dos outros melhor do que qualquer pessoa..."
Tentando ajudar a amiga, Dale vai descobrir o passado que ela escondia. Lotte foi rejeitada pela mãe e cresceu ouvindo insultos e tomando surras, enquanto o pai se omitia e se recusava a ajudá-la. Ela saiu de casa muito cedo e faz amizade com Simon e Adam, que a acolheram em sua casa e trataram como uma irmã. Foram eles que ajudaram Lotte a se formar cabeleireira e a trabalhar no navio. Porém Lotte não fez contato com eles também depois que voltou da viagem e eles não sabiam o que havia acontecido com ela. Dale revela que, durante o cruzeiro, Lotte foi atacada e estuprada por um homem, no porto de Ushaia, e foi salva por um casal que estava viajando no navio - Fern e Howard Ramsden. São eles que cuidam de Lotte e a ajudam a superar o trauma e ela se aproxima muito deles. Porém o casal é norte americano e voltou aos EUA depois da viagem, não podendo ajudar a esclarecer o mistério.

Porém, o pesadelo ainda não terminou. No hospital, Lotte é atacada por um homem misterioso que só não consegue matá-la porque David chega na hora e a salva novamente. De alta, Lotte volta para a casa de Simon e Adam, e durante uma visita de Dale, o apartamento é invadido e ambas são sequestradas. No cativeiro, as memórias de Lotte vão voltar como uma avalanche e você vai se horrorizar ao descobrir toda a maldade de que um homem é capaz...
"Eles roubaram mais de um ano da minha vida e o meu bebê. Eles quase roubaram minha sanidade e a minha vida, também. - Ela parou por um momento para tomar fôlego, com medo de ter um ataque de pânico. - Não há como recuperar nada disso, e também não há maneira de conseguirmos sair vivas daqui - ela concluiu."
O livro é muito dramático. Narrado em terceira pessoa, a gente vai descobrindo o que aconteceu lentamente, o que te prende até o fim. Você se vê fazendo perguntas sobre o que poderia ter acontecido e querendo poder ajudar a Lotte - traçando planos de fuga, querendo consolar, dar força... É impossível não se comover e não se chocar com a crueldade dos fatos.

Mas o livro também tem suas falhas. O final é bem óbvio e faltou um certo tchan, entende? Algo que tornasse a história mais surpreendente. A Lotte é ingênua de mais, crédula demais, e isso me irritou um pouco, apesar de entender que esse traço dela é importante para o desenrolar da história. E depois de tudo terminado, ela supera com uma facilidade impressionante! Eu também entendo que a moral do livro é mostrar a força da mulher para superar as tragédias, mas assim também não, né? Nem um trauminha, nem uma crise?

Mesmo assim, eu recomendo muito a leitura de Roubada. Lesley Pearse escreve de maneira envolvente e a história serve para nos alertar dos perigos das falsas amizades e para nos deixar mais alertas com relação às pessoas.

E a Novo Conceito fez um trabalho lindo com a edição. A capa é maravilhosa, toda brilhante e a diagramação interna está perfeita. Fico muito feliz em ver que a editora está trazendo títulos tão bacanas para o Brasil. #anovoconceitoarrasa!

B-jussssssss! ♥
;-p

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